Na figura do Tarô o mago é representado pelo número 1, o uno
indivisível, mostrando que tudo está interligado, todas as realidades
são na verdade uma só. É aquele capaz de dobrar o espaço e cortar o
tempo, conhecedor das artes divinatórias, guardião dos segredos do
universo. Dr. Estranho não é somente um mago, é o mago supremo, não há
limites para até onde seu poder deve crescer.
O longa do diretor Scott Derrickson é o Décimo quarto filme produzido
pelos Estúdios Marvel e nos conta a história do Dr. Stephen Strange
(Benedict Cumberbatch), neurocirurgião de fama e ego elevados. A
personagem logo nos lembra outra encarnação de Cumberbatch, o clássico
detetive de Sir. Athur Conan Doyle, Mr. Sherlock Holmes. As semelhanças
são notáveis, está presente a arrogância, mas também a competência,
ambos são brilhantes no que fazem. mas ao contrário do cético detetive,
Stephen Strange é obrigado a abandonar todas suas crenças em um mundo
singular e ordenado por leis materiais universais ao se deparar com os
mistérios da mágia. A personagem passa por uma transformação radical, de
médico racionalista a místico transcendental. A primeira etapa de sua
jornada começa na descida ao inferno, quando sofre o acidente e perde
parcialmente o movimento das mãos, ficando incapacitado para o trabalho.
A obsessão pelo trabalho e o orgulho levam-no a iniciar uma busca
desenfreada por uma cura. E é somente quando todos os métodos modernos
falham, quando a ciência falha, surge uma última fagulha de esperança.
Um caso de cura milagrosa leva-o à buscar ajuda no saber oculto
oriental, em um lugar chamado Kamar-Taj, um lugar ficcional - para
aqueles que ficaram curiosos o lugar é uma criação da Marvel -
localizado em Catmandu, capital do Nepal. Lá, O Dr. Estranho encontra-se
com uma figura misteriosa que responde pelo epitéto de "Ancião".
Enquanto na versão original esta figura é representada por um velho de
origem oriental, na versão cinematográfica temos uma mulher (Tilda
Swinton) no papel - o que rendeu ao longa uma acusação de White Washing.
O Ancião é na verdade o próprio mago supremo que passará o título ao
debilitado Stephen Strange.
Na realidade em que se passam os eventos, o mundo é só mais um dentre
inúmeros outros. A magia existe, no entanto só está acessível para os
iniciados. E a função destes é utilizá-la para defender o equilíbrio
entre os mundos, ou melhor, dentro do multiverso. Não há no filme uma
preocupação em mostrar como se dá essa complicada relação entre tantas
realidades alternativas e paralelas, que outras entidades trabalham para
manter a estabilidade e a ordem cósmica entre mundos tão distintos.
Veredicto:
Um belo espetáculo. Assim podemos definir o mais recente filme da
Marvel. O filme apresenta uma qualidade excelente e os efeitos visuais
são belíssimos. Cidades inteiras se contorcendo semelhante a um
quebra-cabeças gigante que acabou de ganhar vida, o filme lembra
bastante o mundo onírico de "A Origem" de Christopher Nolan. Entre os
fãs de Rpg - Role-Playing Game - a mecânica do mundo mágico de Dr.
Estranho pode ser comparada ao clássico "Mago A Ascenção" da editora
White Wolf. Outro ponto que chama atenção é o figurino das personagens,
com capuzes e
mantos que ajudam a compor a atmosfera mística do filme. Apesar dos
aspectos hollywoodianos, que o torna um tanto quanto espetaculoso, o
resultado é capaz de agradar tanto aos fanáticos quanto aos
simpatizantes do gênero. O filme conta com cenas um tanto bizarras, que
já são comuns no gênero, na qual eventos completamente antinaturais não
despertam a menor reação de espanto. O roteiro não é forte, ainda assim é
bem executado, cumpre seu papel de entreter, ainda mais quando se leva
em conta seu dever com os fãs que esperam que a história não seja muito
distorcida. O final chega a ser interessante, a barganha do herói com a
entidade cósmica Dormammu lembra as artimanhas e embustes de um outro
mago, John Constantine. vale a pena ir ao cinema e conferir o show
pirotécnico e o visual deslumbrante de Dr. Estranho.
Foto: https://www.flickr.com/photos/96548335@N08/
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